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Política e redes sociais: dá para fiscalizar com um like?

Apesar de indicarem apoio, curtidas nas redes não substituem mecanismos reais de fiscalização política

Publicado em 26/5/2025 - 09:00

Brasília (DF) – No ambiente digital onde tudo se mede por curtidas, seguidores e compartilhamentos, cresce a percepção de que o engajamento online pode ser sinônimo de fiscalização política. Mas será que um “like” é suficiente para garantir que um agente público está cumprindo com seu dever? A resposta, segundo especialistas e experiências práticas, é clara: não.

Um “like” pode parecer um sinal de apoio ou concordância com determinada postagem, mas está longe de ser um instrumento confiável de fiscalização. Muitas vezes, ele representa apenas um gesto superficial — motivado por simpatia, hábito ou até influência de bots — sem qualquer análise crítica do conteúdo ou contexto.

Além disso, as redes sociais permitem que políticos façam autopromoção sem, necessariamente, prestarem contas sobre suas ações. A popularidade digital pode ser influenciada artificialmente, desviando a atenção da sociedade para longe dos resultados concretos de políticas públicas.

O papel ambíguo das redes sociais

Não há como negar: as redes sociais democratizaram a comunicação política. Hoje, qualquer cidadão pode interagir diretamente com parlamentares, acompanhar votações, denunciar irregularidades e participar de consultas públicas online. Ferramentas como enquetes, fóruns virtuais e orçamentos participativos são avanços importantes para a transparência.

Por outro lado, essas plataformas também deram espaço à desinformação. As fake news, o uso de bots, manipulação por microtargeting e formação de “bolhas informacionais” são alguns dos riscos. O escândalo da Cambridge Analytica, por exemplo, mostrou como dados pessoais podem ser usados para influenciar emocionalmente os eleitores e reforçar a polarização.

O bom e o ruim

Entre os bons exemplos de uso político das redes, destacam-se campanhas bem-sucedidas de mobilização social com hashtags e vídeos virais, além do marketing digital que permite a candidatos com poucos recursos alcançar grande visibilidade.

Já os maus exemplos são numerosos: no Brasil, as eleições de 2018 foram marcadas por desinformação em massa via WhatsApp e Facebook. Em escala global, mais de 70 países já registraram manipulação política nas redes, segundo pesquisas internacionais.

Fiscalização real exige mais que engajamento

A verdadeira fiscalização política depende de instituições sólidas, como os Tribunais de Contas, o Ministério Público e o próprio Legislativo, além da atuação vigilante da sociedade civil. A criação de um marco regulatório nacional para o uso das redes sociais por agentes públicos, com regras claras e transparência nas informações, é vista como essencial.

Capacitar os gestores e estabelecer limites éticos para o uso institucional das redes são os fundamentais para garantir que o espaço digital seja usado para promover o bem público — e não apenas para autopromoção.

Conclusão

O “like” pode até ser um indicativo de popularidade, mas está longe de representar uma forma eficaz de fiscalizar a atuação de autoridades públicas. Em tempos de hiperconectividade, é preciso ir além do engajamento superficial e apostar em participação cidadã qualificada, transparência e mecanismos institucionais robustos. Só assim a política digital poderá caminhar de mãos dadas com a democracia real.

Para continuar bem informado sobre este e outros assuntos políticos, veja aqui, no Descomplicando a Política.

Texto e arte: Agência Republicana de Comunicação (ARCO)

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